Najara Lima estudou na segunda turma de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Comunicação (PPGCOM) da UFS, e fez questão de participar da comemoração pelos dez anos de existência do curso. Para festejar seu aniversário, o PPGCOM está realizando um evento comemorativo com três dias de atividades, cuja abertura ocorreu nesta segunda-feira, 15.

Graduada em Comunicação Social na própria Universidade Federal de Sergipe, em 2005, Najara ficou alguns anos afastada da faculdade. “Morei um tempo em Salvador, quando voltei para Aracaju fiquei sabendo que havia sido aberto o mestrado”, conta a jornalista, que é concursada no Instituto Federal de Sergipe desde 2011,no momento cedida à Justiça Federal.

“Na primeira turma, eu fiquei um pouco receosa de fazer, porque estava há muito tempo longe da academia, então fui aluna especial nessa primeira turma, cursando disciplina isolada, e fiquei encantada com o programa”, exclama a egressa. “Hoje está bem mais estruturado, tem professores em quantidade maior, bem qualificados, bem envolvidos com a pesquisa”, pontua.

O PPGCOM começou a funcionar em 2012, quando ofereceu sua primeira turma, sendo a primeira pós-graduação stricto sensu de Sergipe. No entanto, a história do programa começou bem antes, como frisa o professor decano Carlos Franciscato.

“Estamos comemorando dez anos, mas é um trabalho que na verdade começou sete, oito anos antes. Porque você tem que formar a sensibilidade, reunir grupo, criar um curso que tenha a qualidade e a densidade de um programa de mestrado, para depois chegar a um doutorado”, defende o docente.

“Então, quando você faz um balanço de dez anos, você reconhece que tem muita coisa por fazer, mas tem muita densidade, tem muita solidez, tem muita conquista. Acho que esse balanço de dez anos é para mostrar que as decisões foram acertadas”, enfatiza Franciscato.

Sonhos e vidas

Danilo Oliveira é secretário do PPGCOM desde o início, em 2012, quando tinha 22 anos de idade. Hoje, aos 32, Danilo é casado, tem uma filha de quatro anos e continua secretariando o programa, com muito orgulho da trajetória que construiu ao lado dos professores e gerações de alunos que passaram pelas turmas de mestrado.

“É um ambiente muito bom, me sinto muito grato em ter a vivência do PPGCOM no dia-a-dia, como secretário do programa, foram muitas experiências”, relata Danilo, que compareceu à abertura do evento de comemoração acompanhado da esposa. “Muito honrado em fazer parte dessa história de dez anos, contribuindo com uma educação pública de qualidade na Universidade Federal de Sergipe”, completa.

Quem vai usufruir dos serviços de Danilo nos próximos anos é a mestranda Gabriella Ferreira, formada em Jornalismo pela Universidade Tiradentes. “Era um sonho ser estudante da UFS, e eu vi no PPGCOM uma grande referência na área de pesquisa”, diz a estudante. "A pesquisa sempre foi um grande estímulo para mim, e uma amiga, egressa, me apresentou ao programa, gostei muito do trabalho dela e isso me incentivou a me inscrever”, conta.

Gabriella estuda cultura de fãs e como os fãs se relacionam com os objetos midiáticos. “Vou analisar o podcast Caso Evandro, e como os fãs do podcast interagem com o conteúdo”, explica. Ela ingressou este ano, mas já projeta a sequência na carreira acadêmica. “No futuro vou procurar um doutorado, já estou de olho em algumas universidades e pretendo me candidatar assim que apresentar minha dissertação”, afirma.

A atual coordenadora do PPGCOM, Renata Malta, destaca o comprometimento do corpo docente e a repercussão do programa na vida dos seus egressos. “Posso dizer que chegamos aqui com um corpo docente muito engajado, que se ‘pós doutorou’ com recursos próprios, muitos deles em instituições estrangeiras, temos discentes que continuam sua trajetória [acadêmica], muitos deles foram para o doutorado (no estado, fora do estado, em importantes instituições), outros conquistando vagas em instituições de ensino no Brasil afora”, diz a professora. “Posso afirmar que temos muito que nos orgulhar”, enfatiza.

A docente observa, no entanto, que o programa enfrentou percalços para construir a solidez que tem hoje. “Temos uma trajetória obviamente de muitos percalços: estamos no menor estado do país, temos menos recursos, temos um problema sério na distribuição de recursos, então estar em um programa de pós-graduação nessas condições já diz muito”, avalia. “E a gente chegar até aqui, eu entendo que é uma grande conquista”, comemora.

“Para valorizar essa celebração, estamos publicando uma coleção de quatro livros, que é constituída por capítulos oriundos das dissertações dos nossos egressos ao longo desses dez anos”, acrescenta Renata.

Perspectivas

A expectativa por um curso de doutorado no PPGCOM é recorrente entre os egressos do mestrado e os profissionais do mercado de comunicação de Sergipe, pois seria o pioneiro do estado. Segundo Carlos Franciscato, apesar de o sonho ser viável, o momento é de comemorar a consolidação do mestrado.

“Podemos melhorar? Podemos buscar um doutorado futuramente? Sim! Agora, a pesquisa em comunicação na Universidade Federal de Sergipe de fato é uma realidade e o programa comprova isso por suas quase 100 dissertações. O que é muito bom, que demonstra que a ciência pesquisa os problemas do país, os problemas de Sergipe e da região”, afirma.

A projeção para um curso de doutorado é possível quando um programa stricto sensu alcança a nota quatro, em uma avaliação que vai até seis, realizada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Na chamada avaliação quadrienal, o PPGCOM tem nota três e passou por um novo processo nos últimos meses, cujo resultado está previsto para este mês. “Uma nota quatro nos permitiria a projeção de um doutorado”, idealiza Renata.

Najara Lima é uma das egressas que já está na torcida. “Tenho expectativa de fazer o doutorado na UFS. Estou parada há um tempo, mas eu gosto demais da academia. Voltei a sentir saudade, por isso eu vim pra cá, rever as pessoas, comemorar, acho que é um marco importante”, diz.

Palestra de abertura

Professor da Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal da Bahia, André Lemos foi o convidado para proferir a palestra de abertura do evento. “É um grande prazer estar aqui para comemorar esses dez anos, é uma data importante, é um programa que merece se fixar e a comemoração é um marco”, diz o docente.

“Eu vim falar um pouco sobre teoria da comunicação”, diz André. “Estou fazendo uma pesquisa sobre erros [na comunicação], então eu vou falar de como a gente tem que pensar a comunicação dentro da possibilidade de que toda comunicação de alguma forma é improvável, então temos sempre que lutar para que a conexão possa acontecer”, explica.

Programação

O evento, intitulado “Trajetórias, avanços e projeções”, segue até quarta-feira, 17. Clique aqui para conferir a programação.

Marcilio Costa - jornalista
comunica@academico.ufs.br